sexta-feira, 17 de abril de 2009

FAZENDO UM AUTO EXAME - PARTE II

Introdução
Ao continuar o ciclo de mensagens sobre o auto-exame inicio dizendo que durante esta semana fui levado pelo Senhor a meditar sobre uma característica requerida por Jesus Cristo que é deveras precípua. A característica que chama a atenção é a dedicação.
Digo isto porque quando estava orando ao Senhor sobre o que deveria pregar, o texto que permeou minhas meditações foi Lucas 21,1-4, que fala claramente sobre a dedicação.
E neste texto, vemos uma mulher viúva que está cumprindo, como todo judeu, a entrega da oferta. E nesta entrega é possível, pelo próprio contexto do texto, perceber como havia nesta mulher uma profunda dedicação.
Isto fica mais marcante quando o texto ressalta que o próprio Senhor Jesus nota este fato. Isto é muito belo, pois quando olhamos para o texto e verificamos que Jesus estava olhando para todos no templo e percebe naquela pobre mulher uma profunda dedicação. E para que isto seja realçado, é preciso imaginar como o fato aconteceu, por isso, imaginem comigo: Estamos no grande centro de Jerusalém, o templo. Mais especificamente no pátio das mulheres, local onde ficavam os gazofilácios, que eram no total de 13. Estes formavam um grande círculo e para isto eram bem grandes. Todos tinham o mesmo formato, o formato de trombeta, ou seja, eram bojudos em baixo, depois estreitavam até que alargavam em cima, para dificultar o roubo. Cada um tinha uma especificidade, logo, estavam ali para que as pessoas pudessem depositar as ofertas, os dízimos, o pagamento pelos animais sacrificados e outras coisas mais. Este era um dos locais com maior circulação de pessoas. E dentre as muitas pessoas que ali estavam, Jesus nota a dedicação de uma mulher viúva.
E diante desta narrativa nós vamos pensar sobre nós mesmos hoje, vamos continuar o que o Senhor nos chamou a fazer nestes últimos domingos, um auto-exame. Então, podemos perguntar: como você tem se dedicado a Deus?
Antes de respondermos, vamos aprender com este trecho da Palavra de Deus como deve ser a nossa dedicação e, por isso, o tema da nossa mensagem é A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO.
1) O faz lançar sua oferta. vv.1 e 2
Como vimos a pouco, Jesus estava observando o povo lançar nos gazofilácios suas ofertas. E este, o povo, se predispunha a ir ao templo, pois o mais ortodoxo e mais gratificante para um judeu, era assim o fazer. Isto não era notado apenas nos moradores de Jerusalém, muitos que não moravam em Jerusalém iam para lá com o intuito, dentre outros, de contribuir. Isto acontecia em especial na época das festas religiosas de Israel, onde Jerusalém recebia um grande número de caravanas de pessoas vindas de todas as partes do mundo.
E como nós estamos falando de dedicação, que é uma ação do homem para com Deus, e não de conversão ou regeneração, que é justamente o contrário, ou seja, uma ação do próprio Deus na vida do homem o transformando e o renovando, podemos tirar deste contexto esta grande lição, a dedicação do cristão o faz lançar sua oferta.
A dedicação o motiva e o move. E isto se traduz numa predisposição nossa em nos colocarmos perante Deus, numa postura de submissão. Submissão esta que perpassa por uma vida dedicada a Ele em primeiro lugar, colocando-O como prioridade de nossas vidas. Prioridade esta que muitas vezes nos faz abrir mão de coisas que gostaríamos de fazer para estarmos em comunhão íntima com Ele. Prioridade esta, que muitas vezes nos faz negar as vontades que temos por algo contrário ao que Deus deseja, para sermos dedicados a Ele.
Entretanto, a postura de submissão também perpassar pelo envolvimento com o povo de Deus, ou seja, vivendo uma vida comunitária de verdade. Isto é dito porque muitas vezes nós nos enganamos quando pensamos que vir à igreja é o suficiente, quando na realidade o que estamos fazendo é apenas cumprir um costume ou algo parecido. O que precisamos na verdade é vir à igreja para de fato estarmos em comunhão com os nossos irmãos e simultaneamente com o próprio Senhor Jesus Cristo. Precisamos conviver mais juntos e não termos uma relação superficial. Um exemplo disto está no fato de que, muitas vezes, estamos e ficamos ao lado de pessoas que conhecemos há bastante tempo, porém, não sabemos os seus problemas, não com o intuito de fofocar, mas com o intuito de ajudá-las, no intuito de viver com elas os problemas, no intuito de chorar e também se alegrar com elas. Logo, nós precisamos nos dedicar também ao irmão. Precisamos nos lançar em direção a Deus e aos nossos irmãos.
Todavia, A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO também ...
2) O faz ofertar tudo. vv.3 e 4
No versículo três, nós verificamos algo profundo no relacionamento com Deus, a inversão dos nossos valores. Nós falamos isto porque o mais lógico para qualquer pessoa, quando se trata de dinheiro, está no fator da quantidade. Ou seja, nós estamos presos à questão matemática, cinco é maior do que dois. Porém, para Deus esta questão matemática não tem importância, pois a quantidade de dinheiro para Deus é irrelevante, já que Ele é o dono de tudo. Como uma grande figura da história da igreja, como de toda a humanidade, Agostinho de Hipona, escreveu em um de seus livros, “o que podemos te dar que já não seja teu ?”
Assim, na lógica de Deus os nossos valores são invertidos, a nossa matemática perde sentido e nós só entendemos isto quando percebemos no texto a diferença entre a oferta dos ricos e da viúva. Uns ofertavam aquilo que eles tinham em abundância, enquanto a mulher viúva e pobre, ofertou tudo o que tinha. O texto em português aponta para duas moedinhas, que de fato eram, mas estas duas moedinhas eram o equivalente a 1/8 do valor da porção mínima diária de alimentação, que uma pessoa deveria comer na época. Isto demonstra que esta mulher era realmente pobre.
Logo, o que está em grande evidência não é o simples ofertar, e nem o quanto você pode ofertar, mas sim, como você faz isto. Para ilustrar e trazer para o nosso tempo, podemos exemplificar apontando para a hipótese, que existe em muitas igrejas, de dois tipos de pessoas, aquelas que desfrutam de bastante tempo livre, e utilizam-se deste tempo para trabalharem na igreja. Porém, quando aparece qualquer oportunidade de fazer outra coisa, não pensam duas vezes antes de abandonar o imenso trabalho que fazem, para fazer o que têm vontade. E por outro lado, vemos pessoas ocupadíssimas que trabalham, proporcionalmente, menos do que outras, contudo, o fazem com inteireza, com todo o envolvimento possível. Ofertam tudo o que tem.
4 Então, o que faz diferença na sua oferta, na sua dedicação não está centrado na quantidade, apesar de que não há mal nenhum em ser uma grande quantidade, desde de que seja uma dedicação de tudo que você dispõe. Deus quer você por completo.
Portanto, A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO o faz lançar sua oferta, o faz ofertar tudo, e por conseqüência...
3) O faz depender totalmente de Deus. v.4
No último trecho deste versículo, é ressaltado pelo próprio Jesus que a mulher viúva tinha apresentado todo o seu sustento. Interessante está no fato de que quando estava estudando este texto, verifiquei que a palavra traduzida por sustento é bios, que também pode ser traduzida por vida. Logo, nesta oferta da viúva estava envolvido muito mais do que poderíamos imaginar, há naquele momento uma demonstração de total dependência de Deus. Ela mesmo sendo pobre, paupérrima, não deixa de se dedicar a Deus, não deixa de dedicar tudo e automaticamente depositar toda a sua confiança em Deus. A mulher viúva demonstrou que a única esperança, a única salvação, a única fonte de vida, estava centrada na pessoa de Deus. Ali, muito mais do que dinheiro, estava envolvido a própria sobrevivência da mulher.
Que poderosa lição é para nós hoje esta mensagem, mensagem que parece fácil, que no âmbito do discurso nós fazemos uso dela, porém, muitas vezes não acontece efetivamente em nossas vidas. Não vivemos a dependência total de Deus em sua plenitude. Não estamos aqui fazendo apologia à preguiça, pois muitos usam a dependência de Deus para não fazerem nada, ficam parados afirmando que dependem de Deus e não precisam fazer nada. Não é isso. É sim, uma dependência que deposita a esperança, a salvação, a vida no próprio Deus. Isto se traduz claramente em nossas atitudes diante das dificuldades, dos problemas que nos assolam no dia a dia. Isto fica evidente quando continuamos a viver felizes mesmo diante dificuldades, dos momentos que falta dinheiro, que falta algo desejado por nós, quando há em nossas vidas a felicidade que só Deus pode dar, o sorriso da salvação.
Muito mais do que apenas falarmos, devemos vivenciar a dependência de Deus, tendo sempre esperança que as coisas podem mudar, podem até demorar, mas sempre podem mudar. Vivenciar é também ter confiança em Deus, certos de que Ele nunca nos desamparará, mesmo naqueles nos quais nos achamos com a sensação de estarmos sós. Devemos ter a certeza e a confiança em Deus a ponto de sabermos que Ele está ao nosso lado em todos os momentos.
Assim, muito mais do que discursar sobre a dependência de Deus, muito mais do que apenas afirmarmos que dEle dependemos, nós devemos é viver esta dependência a todo o momento, a todo instante.
Conclusão
Concluindo, o auto-exame de hoje versou sobre a dedicação. E a partir de uma mulher viúva e pobre, nós pudemos aprender da Palavra de Deus que A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO o faz lançar sua oferta, ou seja, o faz ter uma postura de submissão ao próprio Deus, ter uma postura de ação para com Deus e para com os irmãos, como também, A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO o faz ofertar tudo, e não o que nos sobra, mas tudo o que temos, e por conseqüência, além destes dois pontos, percebemos que A DEDICAÇÃO DO CRISTÃO o faz depender totalmente de Deus, e esta dependência acontece na vivência real e cotidiana em nossas vidas.
Destarte, como você tem se dedicado ao Senhor? Será que num exame você se satisfaz com a dedicação que você tem devotado ao Senhor? Será que a sua dedicação é a dedicação que Jesus se alegria como se alegrou e ressaltou naquela mulher viúva e pobre?
Que Deus nos abençoe,
Amém.
Rev. Marcio Tenponi Pacheco

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