domingo, 15 de março de 2009

A ALIANÇA DA GRAÇA

A ALIANÇA DA GRAÇA
Gênesis 17,1-7
Introdução
Estamos no período da Quaresma. Período este que historicamente é um momento de instrução, reflexão e preparação para a celebração do momento crucial para a história da humanidade e especialmente de cada um de nós cristãos. Falo da paixão de Cristo que perfaz na Páscoa, a celebração da Ressurreição de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
É interessante atentar para o fato de que neste domingo (01/03/09) temos como um dos textos do calendário litúrgico este de Gênesis no qual temos como tema fundamental a Aliança de Deus. Muitos podem equivocadamente achar que a aliança da graça só existe no Novo Testamento, achando que no Antigo Testamente não estava presente esta aliança. Contudo, a verdade é que a Aliança da Graça é uma aliança que formalmente foi estabelecida no Antigo Testamento e é revelada em sua completude no Novo Testamento.
E este texto que temos diante de nós é o estabelecimento formal da Aliança da Graça no Antigo Testamento e desenvolvida na sua plenitude no Novo Testamento. Assim, acredito que na Quaresma é um excelente momento para refletirmos sobre a Aliança de Deus, pois perto da celebração do clímax da revelação da Aliança da Graça, que é a morte e ressurreição de Jesus Cristo, temos aqui o início da revelação da Aliança de Deus com o seu povo.
Assim, hoje Deus quer falar conosco sobre a Aliança dEle. Aliança que de fato nos faz ser filhos dEle, nos faz ter a salvação em Cristo Jesus, nos faz ser, como diz a epístola de Romanos, justificados como Abraão foi.
Não obstante, uma questão se levanta: Quais são as características da Aliança de Deus? A resposta, ou respostas, a esta pergunta nós vamos buscar juntos hoje atentando especialmente para este texto.
1) É estabelecida pela Sua soberania. vv.1-2
Em primeiro lugar precisamos prestar atenção em algo que se não apreendido de forma correta pode trazer várias falácias, equívocos e distorções desta doutrina. 
Normalmente pressupõe-se que numa aliança há uma relação de bilateralidade, ou seja, ambas as partes contratantes da aliança estabelecem as condições do pacto, ou da aliança. E assim, pode-se compreender que se existe uma aliança entre Deus e os seres humanos, esta aliança também é bilateral, no sentido de que ambas as partes, ou seja, Deus e os seres humanos, estabelecem as condições da aliança e assim estariam em pé di igualdade. 
No entanto, quando olhamos para os dois primeiros versículos do texto vemos algo precípuo, a saber: É o próprio Deus quem vai ao encontro de Abraão, se apresenta de uma forma maravilhosa, pois fala, EU SOU O DEUS TODO-PODEROSO, ou seja, aquele que de fato pode fazer o que estava por fazer, e no v.2 diz: FAREI UMA ALIANÇA ENTRE MIM E TI. O fato importante a perceber é que: é o próprio Deus quem estabelece a aliança.
Isso nos faz ressaltar que as partes contratantes neste caso não são iguais, ou seja, não há uma negociação das condições da aliança, apenas o estabelecimento desta por parte de Deus. Isto levou a muitos teólogos a afirmarem que a aliança bíblica é unilateral, ou seja, as partes contratantes são desiguais, há Deus, soberano que estabelece as condições e os seres humanos, servos, que se submetem a aliança. 
Destarte, a aliança de Deus é estabelecida pela sua soberania. É Deus quem estabelece as condições da aliança que faz conosco através de sua soberania. E é isto que vemos no Novo Testamento também, quando olhamos para as palavras de Jesus que diz em João 15,16: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Ou na Epístola aos Efésios 1,4: assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; 
Deus hoje está nos mostrando que é Ele quem estabelece a aliança conosco de forma soberana.
2) Estabelece o nosso relacionamento com Ele. vv. 2 e 7
E ao fazer isto, Deus está também fazendo algo tremendo em nossas vidas. Ele está estabelecendo um relacionamento conosco, pois o termo hebraico utilizado neste texto e traduzido por aliança, apesar de toda a controvérsia e discussão porque há várias alternativas para a definição da etimologia do termo, tem como a possibilidade mais forte e de preferência da maioria dos estudiosos, a derivação de um termo assírio que significa "laço", "vínculo".
Logo, quando olhamos para os versículos 2 e 7, vemos Deus estabelecendo um laço, um vínculo, um relacionamento conosco. O que está presente também no Novo Testamento de forma até mais forte, pois vemos Jesus nos ensinando a chamar o Senhor de Pai, não é isso que Ele fala ao ensinar os seus discípulos a orar, Pai nosso que estás nos céus...?
A Aliança da Graça estabelece o nosso relacionamento com Ele. Só é possível estarmos no culto do Senhor porque Ele estatuiu uma aliança conosco. Sem a Aliança não teríamos como de fato nos relacionar com Ele. A Aliança de Deus é o fundamento de nosso relacionamento com Ele, sem ela não teríamos o vínculo que temos com o nosso Pai.
E ao estabelecer nosso relacionamento com Ele, o Senhor nos dá um sinal para nos selar, para nos marcar como seu povo, seus filhos. No tempo de Abraão havia, como você poderá ver depois ao continuar a leitura do texto, a circuncisão. E a partir de Jesus Cristo, a circuncisão foi substituída pelo batismo. O batismo é a marca da aliança de Deus em nossas vidas. Além de outras coisas que no momento não vem ao caso.
Assim, a aliança de Deus estabelece o nosso relacionamento com Ele.
3) Transforma nossa condição. v.5
Outro fato interessante a perceber está no versículo 5. A partir do estabelecimento da aliança com Abraão, o próprio Deus muda o nome de Abraão, que antes deste momento era Abrão. Deus estava assim alterando a situação de Abraão.
Isto também é muito significativo para nós, pois quando sobre alcançados pela graça do Senhor e é concretizada historicamente a aliança de Deus conosco, nossa condição é alterada. Antes, éramos pecadores destinados e merecedores do inferno e todas as suas implicações. Depois da aliança da Graça, somos justificados, somos por Deus declarados justos por causa dos méritos de Jesus Cristo. 
Estar sob a aliança de Deus é ter a própria condição alterada, pois como nos garante a Palavra de Deus em Romanos 5,1-2: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Por isso, a Aliança de Deus transforma nossa condição.
4) É Eterna. v. 7
No versículo 7 vemos o prazo de validade da Aliança d Graça. Olhemos. Ela é perpétua, ou seja, eterna, não tem fim. A Aliança de Deus por ter sido estabelecido e garantida por Ele mesmo, não tem prazo de validade. É eterna.
Isto é muito interessante porque quando vemos pessoas atualmente afirmando que é possível perder a salvação, que podemos sair da graça etc, percebemos que é uma apreensão inadequada e falaciosa da Aliança da Graça. Perder a salvação, que é uma das promessas estabelecidas pela própria Aliança de Deus, é anular, é tornar a Aliança de Deus inválida. Será isto possível quando é o próprio Deus quem afirma que a Aliança dEle é eterna com o seu povo?
A aliança de Deus é eterna.
5) Abrange a nossa descendência. v.7
Ainda no versículo 7 vemos algo que hoje em dia não é levado em consideração por muitas denominações, pois o versículo afirma que a aliança de Deus é feita somente com Abraão? Não, é também com a sua descendência. 
Se há pouco afirmamos que a marca da aliança de Deus era a circuncisão no AT sendo substituída pelo batismo no NT, quem deve receber a marca da aliança de Deus? Assim como as crianças no AT recebiam a marca, devemos ratificar que as crianças de hoje descendentes de pais que vivem sob a aliança de Deus devem também receber a marca da aliança, ou seja, o batismo. Por este argumento e muitos outros, sustentamos que nossos filhos e filhas recebam a marca, ou seja, o batismo porque elas também vivem sob a aliança de Deus.
6) Implica em responsabilidades para nós. v.1
Quando eu falei sobre o fato de que é Deus quem estabelece soberanamente a aliança conosco, estabelecendo também as condições, não poderia deixar de apontar estas. Vejamos o versículo 1.
Deus deixa claro que temos responsabilidade por estarmos sob a aliança dEle. Deus fala para Abraão andar na presença dEle, ou seja, viver em conformidade com a Sua santa vontade. Fazendo isso Abraão seria perfeito como está no texto ou também poderia ser traduzido como íntegro.
Fato este que no NT também se faz presente. A leitura do Evangelho para hoje segundo o calendário litúrgico que é Marcos 8,31-38 vemos Jesus afirmando o seguinte nos vv. 34-35: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.
Jesus estava ali chamando os seus discípulos a responsabilidade de viverem coadunados com a Sua palavra. E foi isto que vemos Deus falar a Abraão e é isto o que Ele nos fala hoje. A aliança dEle implica em responsabilidade para nós. Temos a responsabilidade de vivermos a Sua santa vontade, vivermos coadunados com a Sua Palavra.
A aliança de Deus implica em responsabilidade para nós.
7) Apresenta promessas. vv.2,4-6
Por fim, mais uma última verdade gostaria de acentuar sobre a Aliança da Graça. E é algo que também não poderemos perder de vista. Quando Deus estabelece sua aliança conosco, Ele apresenta as promessas nela incluídas. No caso específico que temos diante de nós, vemos Deus falando especificamente que Abraão seria prolífero. E mais, que ele também seria o pai daqueles que fariam parte do povo de Deus. Isto aponta para o fato de que não apenas no âmbito do judaísmo, mas também dos eleitos, da Igreja de Cristo.
A aliança de Deus traz consigo as promessas de Deus. No NT são inúmeras promessas que ficaríamos aqui falando muito tempo caso quiséssemos. No entanto, basta lembrar e apontar a mais forte e poderosa promessas, a vida eterna, a salvação em Cristo. Jesus Cristo disse isso em vários momentos e todo o NT apresenta esta promessa a todos aqueles que vivem sob a aliança de Deus. Dito de outro modo, aqueles que crêem que Jesus Cristo é o Senhor e Salvador de suas vidas.
Logo, a aliança de Deus apresenta as promessas que Deus faz ao seu povo.

Conclusão
Destarte, podemos concluir recapitulando as sete características da Aliança da Graça hoje aqui apontadas, a saber:
A Aliança da Graça....
1) É estabelecida pela sua soberania. vv.1-2
2) Estabelece o nosso relacionamento com Ele. vv. 2 e 7
3) Transforma nossa condição. v.5
4) É Eterna. v. 7
5) Abrange a nossa descendência. v.7
6) Implica em responsabilidades para nós. v.1
7) Apresenta promessas. vv.2,4-6
E portanto, como foi também apresentado em cada característica, esta aliança não está presente apenas no NT, mas se faz presente e foi formalmente estatuída no AT. Viva, por conseguinte, alicerçado nesta doutrina bíblica que nos traz segurança, responsabilidade e alegria de viver na presença do Senhor, pois quem está sob a Aliança da Graça, salvo está!
Rev. Marcio Tenponi Pacheco
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RESTAURANDO A NOSSA VISÃO SOBRE DEUS

“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” Malaquias 3.6

Não conheço uma pessoa que não tenha, pelo menos, um relacionamento. Desde que nascemos nos relacionamos com nossos pais e irmãos, depois vem os amigos da escola, vizinhos etc. E o que notamos é que com o passar dos anos, esses relacionamentos mudam. Uns para melhor outros para pior. Uma amizade que é afastada pela correria do dia-a-dia, um casamento que não é mais um “mar de rosas”, tudo isso porquê estamos nos formando como pais, maridos, amigos etc.
E temos o nosso relacionamento com Deus, na qual somos filhos e servos. Assim como pais e filhos, marido e esposa, amigos e amigas, temos um relacionamento com o Pai. Mas há algo que faz toda a diferença dos outros relacionamentos que é expresso no versículo acima: Deus não muda. Hoje com o passar dos anos eu posso dizer que amo minha esposa mais do que no início quando nos conhecemos, pois a conheço mais e isso influencia meus sentimentos. Não é assim com Deus para comigo e contigo, pois o seu amor é completo, perfeito, suficiente, não há como Ele nos amar mais do que já nos ama, muito menos deixar de nos amar. Assim como o amor de Deus são também suas promessas e seu caráter, suas misericórdias, não mudam.
Por isso irmãos e irmãs no nosso relacionamento com Deus quem muda somos nós. Deus não está se formando ou desenvolvendo seus sentimentos para conosco, Ele é sempre o mesmo, por isso precisamos restaurar a nossa visão sobre Deus. Não deixemos que a rotina deturpe nossa visão sobre aquele que não muda. Muitas vezes por ter cometido um pecado, nossa mente pode nos levar à pensar que Deus não nos ama mais, mais isso não é verdade, como diz no Salmo 103.10 Deus “Não nos trata segundo os nossos pecados” e em Romanos 8.39 afirma que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Fique na Paz

Seminarista Hebenezer Abreu de Oliveira
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40 Dias

O número quarenta aparece inúmeras vezes na Bíblia. Talvez você ache que ele só tem relação com aquelas pessoas que aparecem como personagens na Bíblia. Porém, isso não é verdade, pois ainda hoje este número nos remete a algo importante.A última quarta-feira é chamada de quarta-feira de cinzas. É assim conhecida por causa do costume dos cristãos, que remonta o século XI, de colocar cinzas sobre suas testas para iniciar o período denominado de quaresma. Na última quarta-feira teve início a quaresma.A Quaresma é um período de 40 dias, nos quais os domingos não são contados, que antecede a Páscoa, ou seja, a Paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É uma tradição que remonta, com certeza, o século III de nossa era. Há, no entanto, vestígios de sua existência já no século II. Este era um período de instrução aos catecúmenos, tornando-se posteriormente um período de instrução, arrependimento e oração de todos os cristãos.É precípuo lembrar que Jesus passou quarenta dias sendo provado no deserto e, também, de modo semelhante, o povo de Deus passou quarenta anos sendo depurado para a entrada na terra da promissão. Elias e Moisés também passaram uma quarentena de preparação para a missão. A exemplo destes heróis da fé e do objeto de nossa fé, Jesus, a Igreja também se prepara, nestes quarenta dias, para o evento central da nossa fé: A Ressurreição do Senhor Jesus!Destarte, durante estes próximos dias reflita, pense e ouça o que Deus quer de você. Utiliza este tempo de quarenta dias para fazer uma avaliação da sua vida com Deus, do seu relacionamento com a Igreja e da sua disponibilidade ao Senhor.Do seu pastor,Rev. Marcio Tenponi Pacheco

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Quem é Jesus?

No Evangelho de Marcos, capítulo 2, temos uma narrativa muito esclarecedora sobre a pessoa de Jesus. Vemos a história da cura de um paralítico. Contudo, a cura em si é apenas um sinal, pois existem outras questões precípuas abordadas neste texto. Em primeiro lugar vemos quatro homens levando um paralítico à presença Jesus. Eles buscavam em Jesus a resposta, a transformação, a mudança necessária para a vida daquele homem. Não obstante o desejo de apresentarem aquele homem a Jesus, encontraram um obstáculo enorme: uma multidão que os impedia de aproximarem aquele homem de Jesus. Mesmo tendo um grande obstáculo pela frente, aqueles homens não desanimaram. Ao contrário disto, de forma brilhante, arriscada e ousada, desceram aquele paralítico pelo telhado. Colocando-o, assim, diante de Jesus. Este, por conseguinte, viu a grande fé colocada nEle. Disto aprendemos uma grande lição, Jesus é alguém que devemos buscar com fé. Mesmo se obstáculos se apresentarem a nós, devemos e precisamos buscar Jesus com fé. Esta deve ser ousada e firme. Muitas vezes nós mesmo somos obstáculos para buscarmos Jesus. Quando ficamos com preguiça de ir a Igreja, quando outras pessoas tentam nos desanimar e desacreditar em nosso salvador, Jesus Cristo. Outra importante lição está na controvérsia que surge quando Jesus perdoa os pecados daquele paralítico. Os escribas, corretamente, afirmam que só Deus pode perdoar pecados. Entretanto, os escribas erram porque não conheciam e não sabiam quem é Jesus. Contrapondo-se a esta posição dos escribas, Jesus revela que Ele tem autoridade para perdoar pecados. Isto significa dizer que Jesus é Deus. Por último, vemos que Jesus reconciliou aquele paralítico com o Pai e mudou a condição física daquele homem. Jesus, portanto, mudou a situação espiritual e física daquele homem. Daí vemos outra importante lição. Jesus é o único que pode, de fato, nos dar nova vida. Jesus nos liberta tanto espiritualmente quanto concretamente. Destarte, aprendemos com este texto quem é Jesus. Este é aquele que devemos buscar com fé, mesmo diante de obstáculos. Jesus é Deus, o único que tem toda autoridade no céu e na terra. E também, é o que nos dá nova vida. Este é o nosso Senhor, Jesus Cristo! Rev. Marcio Tenponi Pacheco
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©2007 '' Por Elke di Barros